Por: Guilherme Mauri de Oliveira
Se você está pensando em entrar para o mundo das franquias, segura aí um minutinho. Tem um detalhe que muita gente só descobre depois que já assinou o contrato e está no meio da operação: como funciona a relação entre franqueado e franqueadora quando a própria rede fornece os produtos vendidos na loja. Isso pode ser um baita diferencial, mas também pode virar uma grande cilada se você não souber o que está fazendo.
Vamos por partes. Primeiro, os royalties. Algumas franquias cobram uma taxa fixa mensal, enquanto outras ficam com um percentual do faturamento. Até aí, tudo bem, isso é o normal. Mas e quando, além disso, a franqueadora também lucra na venda dos produtos para você? Pois é, tem rede que, além do royalties, ainda embute um preço mais alto nos produtos que você obrigatoriamente precisa comprar deles. Ou seja, eles ganham duas vezes.
E quem escolhe quanto comprar e o que comprar? Esse é um dos maiores problemas. Tem franqueadora que simplesmente decide o estoque por você. Manda um caminhão cheio de produtos, e você tem que pagar, queira ou não. E se aquele item não vende no seu ponto? Se o público do seu bairro prefere outro tipo de produto? Azar o seu. O estoque encalha, e quem perde dinheiro é você, não a franqueadora.
Outro ponto: margem de lucro garantida existe? Em algumas franquias, a franqueadora define os preços de venda ao consumidor final. Parece bom, né? Afinal, padroniza o mercado. Mas e se essa margem não for suficiente para cobrir seus custos? E se você quisesse ajustar o preço para uma promoção ou estratégia local e não puder? Pois é, tem muito franqueado que descobre isso tarde demais.
Outro ponto para ficar esperto: pode negociar com outros fornecedores? Em algumas redes, você tem liberdade para buscar melhores preços e margens, mas em outras, tudo tem que ser comprado exclusivamente da franqueadora. E adivinha? Você paga mais caro do que pagaria no mercado. Tem franquia que cobra valores bem acima do preço normal só porque o franqueado não tem escolha. É uma espécie de “pedágio” que você paga para estar na rede.
Então, antes de assinar qualquer contrato, leia tudo com muita calma e faça essas perguntas: quem define o preço final da venda? Quem escolhe os fornecedores? Eu posso negociar preços? Existe uma margem mínima garantida? Vou ser obrigado a comprar produtos que não quero? Se a resposta para essas perguntas não for clara e vantajosa para você, pense duas vezes.
Franquia pode ser um ótimo negócio, mas precisa ser bem escolhida. Não se deixe levar só pela marca famosa ou pelo discurso bonito. Leia, pergunte, investigue. Porque depois que assinou o contrato, não tem mais volta. E ninguém quer entrar num negócio para descobrir tarde demais que as regras do jogo não são tão justas assim.
Ficos espertos!